Imagino a Saraiva dos seus primeiros cantos. Simples e vazios de ornamentação até o imprescindível lá pelo início do século XIX. Puxei a imaginação pela mão dois seculos mais e transformei a simplicidade dos cinzentos na sensibilidade da cor.
Relembro inalteradas estórias da Saraiva cheia de flores, ovinhos quentinhos das galinhas generosas, de verdes profundos e infinitos azuis. Escuto imagens passadas de gritarias infantis a ecoar nas pedras dos caminhos, de avós trabalhadores a acordar cedo e voltar à tardinha para mesas apertadas de família impaciente a esperar as refeições das bondosas avôs.
Saraiva estica de paredes e quartos no tempo e as correrias das crianças transformam-se em passos de feliz reencontro. Ainda gostamos de gritar nos terraços da casa para nos convocar ao almoço, aos copos, aos convívios, para nos juntarmos ver o verde-azul eterno e os românticos por do sol.
Queria as cores externas da minha Saraiva a morar dentro de casa como residentes destemidos, aconchegados de luz…e então dispersei peças originais de artistas para nos olharmos e acompanharmos.
Quero que o sentimento de ficar na Saraiva revele a arte como um grande criador de beleza, nas suas formas, bordados, esculturas e pinturas a participar nos tons da paisagem. Quero amostrar a beleza das coisas belas para ficarem penduradas por sempre num canto da alma e do pensamento das vossas lembranças na Saraiva e Madeira.
Queremos que sintam a perfeição de partilhar a beleza.
Estou a começar uma pequena coleção na Saraiva com pinturas, bordados e esculturas de celebrados artistas madeirenses, portugueses e estrangeiros … Todas as peças com uma história de arte para ser contada aos olhos dos expectadores pelos seus criadores.
A Saraiva é a essência do amor pelo que se faz. Meu orgulho e a minha paixão.
Graciela Rodrigues Figueira